Goleiro evangélico do Flamengo testemunha superação para se tornar profissional

Devido ao surto de Covid-19 enfrentado pelo elenco do Flamengo, o goleiro Hugo Souza, formado pelo clube, teve a oportunidade de fazer sua primeira partida profissional no último domingo, 27 de setembro, contra o Palmeiras.

Evangélico, ele emocionou aos fãs de futebol ao dedicar o troféu de Craque do Jogo à memória do pai, que faleceu há poucos meses e não viu sua estreia como titular do clube.

Na volta ao Rio de Janeiro, no mesmo dia, Hugo encontrou-se com sua mãe, Rosilene, já tarde da noite. Os dois trocaram um longo e silencioso abraço. Essa foi a primeira partida que o goleiro fez sem a presença do pai, Jorge, que sofreu um infarto fulminante.

“Eu sabia por que ele estava chorando. Ele estava emocionado, feliz, por tudo que aconteceu no jogo. Mas estava chorando também por causa do pai, que foi o maior incentivador, a pessoa que mais trabalhou pelo Hugo”, contou Rosilene.

Hugo dedicou o prêmio ao pai após a partida, já que ele sempre o incentivava na busca pela oportunidade para jogar futebol. De acordo com o GE, Jorge foi um ex-jogador de futebol, atuou em times menores do Rio de Janeiro, e tinha o sonho de ter um filho jogador.

“O jeito do Hugo é todo do pai. A tranquilidade, a calma, o jeitão risonho. O legado que o pai dele deixou foi muito bom”, acrescentou a mãe do goleiro, que depois de assistir a primeira partida profissional do filho, foi para o culto na igreja que frequenta, em Duque de Caxias.

Antes de seguir a carreira profissional, Hugo Souza tocava bateria na mesma igreja e chegou a ser líder do ministério de jovens da congregação por cinco anos. A mãe enfatizou que essa foi a base que o moldou para se formar como pessoa.

Mesmo sem muito interesse por futebol, a mãe acompanhou o filho por diversas vezes até o estádio de São Januário, onde Hugo treinava nas categorias de base do Vasco: “Eu ia com uma bolsa pendurada cheia de roupa de criança, com o Hugo na mão e a Lara no colo. Levava os dois porque o treino era às 19h. Chegávamos às 17h porque era o jantar, para o Hugo jantar. Ele sempre trazia algo para dividir com a irmã. Ficávamos até 22h esperando o treino acabar, e voltámos andando, atravessando a Avenida Brasil para pegar o ônibus”, relembrou.

Como recebia apenas uma ajuda de custo do Vasco, Hugo chegou a tentar a sorte no Figueirense, de Santa Catarina, mas acabou voltando ao clube da colônia portuguesa. Quando o cruzmaltino cortou o auxílio do goleiro, a família o tirou de lá até que aparecesse oportunidade no Flamengo.

“Meu filho teve no Flamengo o que não tínhamos em casa para dar. Até dos dentes do Hugo o Flamengo cuidou. O Hugo tomou um tombo e quebrou os dois dentes da frente, e o Flamengo mandou restaurar”, contou a mãe, agradecida pelo trabalho de base do clube da Gávea.

As dificuldades continuavam existindo, já que aos 12 anos de idade Hugo saía de casa às 03h40 para pegar as conduções que o levariam de Duque de Caxias até o Ninho do Urubu. Entre os 14 e 18 anos, o goleiro passou a ficar no alojamento do clube. Depois da maioridade, já com salário, passou a morar ao lado do CT do Flamengo.

Com 1,98, Hugo Souza é visto como uma promessa do futebol brasileiro na posição e já foi inclusive convocado pelo técnico Tite para treinos da Seleção Brasileira. Hoje, é o quarto goleiro do time profissional do Flamengo.

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