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Última atualizaçãoSeg, 04 Out 2021

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"Não subestimem Crivella; quem fez isso com Edir Macedo se deu mal", diz Anthony Garotinho

Está enganado quem pensa que Marcelo Crivella (PRB) - bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada por seu tio, Edir Macedo - transformará a prefeitura carioca em um governo teocrático, orientado por versículos da Bíblia e dogmas evangélicos. Quem afirma é o ex-governador Anthony Garotinho (PR), um dos caciques do partido do vice de Crivella, Fernando MacDowell, e espécie de "conselheiro pessoal" do novo prefeito nos últimos meses.

Figura polêmica no Rio - ele não apareceu no material de campanha de seu candidato -, Garotinho adianta que Crivella fará no Rio de Janeiro um "governo conservador e de direita", obstinado em conquistar simpatia de setores não-religiosos e da elite.
Segundo o ex-governador, Crivella deve fugir de radicalismos religiosos porque não pretende pôr em risco a ascensão de membros da igreja a cargos de destaque.

"Eu não subestimaria o governo do Crivella. Quem subestimou as atitudes do bispo Macedo se deu mal", alerta Garotinho.

"Eles são extremamente profissionais. O bispo botou sua igreja em mais de 100 países. Tem mais seguidores fora do Brasil do que dentro. Vendia bilhetes (de loteria) e hoje tem a segunda maior rede de televisão do país. Tem 100 emissoras de rádio. Disse que ia construir uma réplica do Templo de Salomão e agora vai fazer mais três. Na prefeitura, não deve ser diferente e quem espera amadorismo vai se decepcionar."

Em entrevista de mais de duas horas pelo telefone à BBC Brasil, ele nega acusações de envolvimento com milícias, se diz vítima de perseguição de juízes e dispara críticas a dezenas de desafetos políticos, especialmente do PMDB.

Garotinho é conhecido nos corredores de Brasília por carregar pastas pretas com dossiês recheados de escrituras, declarações de Imposto de Renda e cópias de documentos de figuras como o ex-governador Sérgio Cabral e o presidente da Assembléia Legislativa do Rio, Jorge Picciani.

"O PMDB é como uma prostituta. Dorme com tudo mundo, faz amor com todo mundo, mas não se apaixona por ninguém", dispara, citando a conclusão de uma conversa antiga, à beira de uma lareira em Petrópolis (RJ), com Leonel Brizola, seu ex-padrinho político. O partido não comenta as críticas.

Uma 'nova Universal'

De acordo com Garotinho, a igreja de Edir Macedo e Crivella teria se refinado e hoje passa por uma "transformação eclesiástica e ideológica", deixando de lado o "fundamentalismo religioso para investir no liberalismo econômico e no pragmatismo, como fazem os religiosos conservadores do partido Republicano", nos Estados Unidos.

"A Universal de hoje não é mais aquela que chuta santa na TV", diz, afirmando que a igreja renova seu tradicional rebanho oriundo de classes mais pobres com novos seguidores da classe média, do empresariado e formadores de opinião.

Membro da Igreja Presbiteriana, ele critica a postura da atual bancada religiosa no Congresso, cujos expoentes são figuras como o pastor Marco Feliciano e o militar Jair Bolsonaro.

"A Bíblia diz: Cristo foi torturado. Quem torturou Cristo foi o poder da época. Então ele não poderia jamais aceitar o apoio de Bolsonaro, não faz sentido."

Uma das mais tradicionais lideranças evangélicas do Rio, Garotinho conta que se reaproximou de Edir Macedo após um afastamento de dez anos, por sugestão do próprio Crivella. Também diz que acompanhou de perto a campanha do bispo licenciado.

"Eu dei uma aula particular de PMDB ao Crivella antes da eleição", afirma o político - sua filha, a deputada Clarissa Garotinho, estava ao lado do novo prefeito no primeiro discurso após a eleição.

A discreta aliança entre os dois foi citada em todos os debates entre candidatos cariocas, geralmente associada à suposta ligação entre Garotinho e milicianos ou a "planos religiosos fundamentalistas" de poder.

"O carioca tem direito de saber que Garotinho vai voltar com o Crivella', dizia o rival Marcelo Freixo (PSOL), derrotado no segundo turno por 59,36% a 40,64% dos votos válidos. O bispo licenciado reagia: "Não tenho compromisso com o Garotinho. Espero que esse assunto se encerre."

Crivella chegou a emitir nota negando planos de oferecer uma secretaria ao colega. "O que existe entre o partido de Crivella e o de Garotinho é uma coligação, como também existe com outros partidos. Não houve nenhuma barganha de cargos", disse.

Garotinho faz piada: "Saí do governo há 14 anos e fui o nome mais citado das eleições 2016."

Tráfico de drogas X milícias

Acusado em primeira instância, em 2010, por formação de quadrilha junto ao ex-chefe de política de seu governo, Álvaro Lins, ele se diz "perseguido" pelo Judiciário fluminense e nega acusações recorrentes de favorecimento a milícias.

À BBC Brasil, Garotinho reconhece que elas foram um "efeito colateral" do combate de seu governo ao tráfico de drogas.
"Tínhamos uma determinação: desmontar o Comando Vermelho (CV). Prendemos todos os cabeças, de Marcinho VP a Fernandinho Beira-Mar. Chegou um momento em que o CV estava acabado no Rio. E quem ocupa o lugar de benfeitor do mal? Isso foi o surgimento da milícia. Por isso insinuaram que eu tinha envolvimento com milícia: nunca tive, muito pelo contrário."

Questionado por que razão teria priorizado traficantes e poupado milicianos, cuja atuação se expandiu pelo Estado durante sua gestão, Garotinho se esquiva.

"A milícia não se fortaleceu porque eu atuei para isso. Atuei para combater o CV, que era uma grande força. Não tinha milícia (antes do meu governo). Era uma coisa residual, pequena, só tinha em Rio das Pedras. Quem mandava em todo lugar era o traficante."

À reportagem, ele critica Marcelo Freixo, que em 2008 presidiu uma CPI sobre o tema que resultou no indiciamento de mais de 200 pessoas, além de levar à prisão vereadores e um deputado.

"Ele não entende disso e nunca parou para discutir esse assunto comigo", diz. "Não existe mal menor, a milícia tem que ser combatida. Mas se você não entende a origem dela, vai combater errado."

Freixo, por sua vez, criticou Garotinho durante toda a campanha e defende que o apoio do político a Crivella "não pode vir de graça, sem contrapartida".

Rosinha Garotinho

Há mais de dez anos, o ex-radialista exerce uma faceta de analista político em seu blog, onde comenta governos e partidos, acusa rivais e se defende de revezes - como a derrota de seu candidato à prefeitura de Campos dos Goytacazes, seu principal reduto eleitoral.

"O resultado da eleição não foi o que de fato aconteceu. Ali tem fraude e a coisa não é pequena. Mais do que isso eu não posso falar", diz.

Sua esposa, Rosinha, eleita governadora do Rio após sua gestão, em 2003, enfrenta um processo que pode cassar seu mandato de atual prefeita de Campos por "abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação".

Para o Tribunal Regional Eleitoral, o site da prefeitura teria sido usado para favorecer a reeleição de Rosinha e seu vice, em 2012. Garotinho novamente nega ilegalidades. "Olha que loucura: caçar uma prefeita por uma matéria publicada no portal da prefeitura. Não tem sentido. Isso é clara perseguição."

Ele prefere falar sobre supostas ilegalidades e erros políticos de seus desafetos.

O político atribuiu à "arrogância" a derrota do peemedebista Eduardo Paes, que não conseguiu levar seu sucessor Pedro Paulo ao segundo turno mesmo depois da visibilidade de eventos como a Olimpíada.

"Paes perdeu pela soberba. Tem um versículo bíblico que diz que a soberba precede a queda. Tanto é assim que ele escolheu um candidato inviável. O povo perdoa um mau gestor, mas não perdoa quem bate em mulher", diz, em referência às acusações de agressão de Pedro Paulo à então esposa - as quais ele nega veementemente.

 

Fonte: BBC e Folha Gospel


Rabino diz que decifrou código bíblico que prevê a vitória de Donald Trump nos EUA

O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, vem crescendo nas pesquisas de intenção de voto e reduzindo a diferença que Hillary Clinton mantinha em estados considerados decisivos. Porém, uma notícia vinda de Israel ganhou destaque justamente por causa do crescimento de Trump.

O rabino israelense Matityahu Glazerson, estudioso do livro sagrado, afirma que códigos ocultos na Bíblia preveem a chegada de Trump à Casa Branca, com uma vitória nas eleições da próxima terça-feira, 08 de novembro.

De acordo com informações do site Breaking Israel News, Glazerson se apresenta como um especialista na interpretação de códigos ocultos no Velho Testamento, escrito em hebraico antigo.

A explicação do rabino foi apresentada em um vídeo em que ele afirma que encontrou seções de textos nos livros de Números e Deuteronômio em que a palavra “Donald” aparece acompanhada de “nasi”, que significa presidente em hebraico.

O pesquisador norte-americano Matt Slick, fundador do Ministério de Pesquisa e Apologética Cristã, afirmou ao portal Christian Post que as afirmações do rabino causam certa curiosidade, mas não convencem.

“Definitivamente são padrões numéricos nas Escrituras que, por vezes, são muito interessantes e atraentes. No entanto, o conceito de código da Bíblia, na minha opinião, parece um pouco estranho”, comentou.

Para Slick, mesmo que o bilionário falastrão vença o pleito, não se deve acreditar que esse código na Bíblia tenha realmente a função específica de prever esse fato: “Para que eu seja convencido, essa pessoa teria de prever diversas coisas com antecedência, não apenas uma”, ponderou.

Há uma linha de pensamento entre estudiosos da Bíblia que prega a possibilidade de usar as Escrituras para prever desfechos de eventos nos dias atuais. Um exemplo é o caso do ortodoxo Kikar Hashabbat, que afirmou que Hillary Clinton venceria a corrida à presidência dos Estados Unidos, pois códigos nos livros de Gênesis e Levítico constituíam a frase “Hillary Ne’siah”, que pode ser traduzida como presidente Hillary.

Fonte: Gospel Mais

"Queria levar o Evangelho até o último dia de minha vida e estou cumprindo", diz Cid Moreira

Com uma voz grave e marcante, Cid Moreira iniciou sua carreira como um locutor versátil — filmes, documentários, rádios e comerciais contavam com sua narração. Nos próximos 27 anos, o jornalista passou a compor a bancada do Jornal Nacional, da Rede Globo, sendo o âncora que mais tempo esteve à frente de um mesmo telejornal.

Em meio ao destaque no jornalismo, sua carreira passou a tomar outro rumo quando Cid foi gravou os primeiros Salmos.

"Isso começou há uns 25 anos, quando eu dei uma entrevista a um jornal no Rio de Janeiro, dizendo que gostava de gravar mensagens cristãs. Esse jornal foi publicado no suplemento do domingo e, na segunda-feira, eu recebi um telefonema sendo convidado para gravar Salmos", disse ele em entrevista  ao Guiame durante o lançamento da Nova Versão Transformadora, pela Editora Mundo Cristão.

Depois de fazer parte do primeiro projeto de narração da Bíblia, seu envolvimento com as mensagens cristãs não pararam mais. "Na sequência, depois que eu fui contratado por outra gravadora, a Warner Continental, eu gravei 'O Sermão da Montanha'", conta.

Quando completou 25 anos apresentando o Jornal Nacional, Cid se tornou mais do que um homem de notícias — um homem a serviço de Deus. Ao todo, seus CD's com as passagens bíblicas já venderam mais de 30 milhões de cópias por todo o Brasil, um sucesso de vendas incontestável.

"Na capa do LP [da Bíblia] eu escrevi que passei 25 anos gravando notícias nem sempre boas aos lares do País, mas a partir daquele momento, eu queria levar o Evangelho, que são notícias de Deus, até o último dia de minha vida. Eu simplesmente estou cumprindo aquilo que eu prometi", afirma.

Embora Cid tenha nascido e sido batizado em um lar católico, sua fé cristã foi se moldando e amadurecendo ao longo da vida. "Voltei a ter esse contato [com a fé] intensamente a partir de 1990", ele lembra.

Com seu inconfundível "boa noite", Cid Moreira passou a ser lendário na história da televisão brasileira. No entanto, aos 89 anos de idade, ele chegou a conclusão de que sua missão de vida estava além do jornalismo, mas na propagação da Palavra de Deus. "Eu não só digo, como eu sinto isso. Graças a Ele eu sinto".

Fonte: Guia-me

Bancada evangélica quase dobra e Lula diz que pensamento conservador é um problema

O ex-presidente Lula (PT) classificou o pensamento conservador de “desgraça” durante um discurso realizado durante a inauguração de um laboratório da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Essa foi a primeira aparição do líder petista após o segundo turno das eleições municipais.

Criticando a PEC 241 – que estabelece regras e limites para que o governo não gaste o que não tem – e a reforma do Ensino Médio – que estabelece uma flexibilização no currículo para ajudar o estudante a se preparar para a carreira profissional, uma demanda antiga de educadores -, o ex-presidente afirmou que o “conservadorismo paulista” influencia, a seu ver, negativamente a política nacional.

Dado a distorções dos fatos, Lula disse que os paulistas não querem contribuir com o Brasil: “Aqui em São Paulo nós temos um problema que é o conservadorismo. Desde a Revolução de 32, quando foi construída a USP, que eles não queriam universidade federal aqui para não ter pensamento federal no Estado de São Paulo. Uma ideia, uma concepção retrógrada, que não tem noção de país, não tem noção de que o país tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, que nós somos uma mega nação, que tivemos as mais diferentes culturas desse mundo, e tem gente que não gosta disso. Tem gente que não gosta da ascensão de outros Estados”, afirmou o ex-presidente, segundo informações do Uol.

“Nós temos que aprender que cada vez mais, ao invés de a gente negar a política, a gente tem que fazer política. Porque a desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta. E quem gosta é sempre a minoria, é sempre a elite”, disse, de forma abstrata.

Desviando o foco da responsabilidade dos governos do PT na crise econômica que o Brasil atravessa, Lula admitiu erros, mas defendeu que “não se conserta um país discutindo crise”.

“Estamos numa crise agora? Estamos. Temos responsabilidade? Temos. Fizemos erros? Fizemos. Agora a verdade é a seguinte: não se conserta esse país discutindo crise […] Esse país era o país mais otimista do mundo, esse país era um país alegre, de repente esse país ficou mal humorado”, constatou.

Lula omitiu, em seu discurso, que o estado de São Paulo é o que mais contribui com impostos à União, e proporcionalmente, um dos que menos recebe recursos de volta. O estado – tocado pelo PSDB há décadas – representa o reduto de maior resistência às políticas progressistas defendidas pelo PT, como ideologia de gênero, legalização do aborto e drogas.

Nas eleições municipais, o partido de Lula conquistou apenas 8 cidades no estado, sendo transformado em um nanico. Na capital, a cidade mais importante do país, a bancada evangélica municipal cresceu quase 100%, passando de 7 vereadores para 13 a partir de 2017.

Fonte: Gospel Mais

Crivella diz que manterá apoio ao carnaval e aos demais eventos municipais

O prefeito eleito do do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), afirmou nesta segunda-feira (31), ao ser questionado em entrevista no "SBT" sobre as "festas profanas" tradicionais da cidade (Revéillon, Carnaval e Parada Gay), que "o prefeito não é um senhor arrogante das suas ideias". O senador e bispo licenciado da Igreja Universal prometeu manter o financiamento municipal aos eventos.

Crivella também comentou que recebeu uma ligação do atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB), que disse estar com "ciúmes" da sua eleição. "Foi uma ligação amistosa, cordial. Ele disse que estava com ciúmes, porque gostaria de continuar prefeito, que governar o Rio de Janeiro é a melhor coisa que existe e eu concordo."

Ao tratar da atual situação financeira do município, que deve começar 2017 com um caixa ao menos 9,2% menor do que em 2016, o prefeito eleito repetiu que fará uma "gestão austera" e afirmou que cortará pela metade o número de secretarias. Crivella, no entanto, evitou adiantar quais órgãos serão descontinuados, e disse que primeiro precisa consultar seus aliados.

Questionado sobre sua proposta para as vans, "muitas controladas por milícias", de acordo com a repórter do SBT, o senador disse ser "maluquice" associá-lo ao tema e prometeu "falar com todos os operadores" para resolver a situação. O senador também disse que deve interromper a racionalização dos ônibus iniciada por Paes e terminar as obras do corredor BRT Transbrasil, que ligará Deodoro, na zona oeste, ao centro pela avenida Brasil, e estão paralisadas desde as Olimpíadas. "Vai ser uma prioridade", afirmou.

Durante a entrevista, Crivella disse que o foco de sua gestão será a saúde e educação e repetiu o bordão que o elegeu, "agora é hora de cuidar das pessoas". "Vamos governar com pessoas de bem, ficha limpa, que são ambiciosos, mas não por dinheiro, por votos. Vamos governar com pessoas assim", afirmou.

Aliança e oposição vão definir peso da Universal no governo Crivella, diz sociólogo

O peso da eventual interferência da Igreja Universal na gestão Marcelo Crivella (PRB) na Prefeitura do Rio vai depender principalmente da atuação de seus aliados e opositores. A avaliação é do sociólogo Joanildo Burity, um dos maiores especialistas em estudos de política e religião do país.

Ele afirma que a denominação tem tido a "capacidade pragmática de lidar com as questões de pluralidade religiosa". Parte desse aprendizado se deve justamente à relação com outros atores políticos.

"É preciso ver como a dinâmica de situação e oposição dentro do Executivo e Legislativo vai se construir. [...] Todo o programa terá de ser negociado e sofrerá oposição e bloqueio", disse ele.

Autor do livro "Os votos de Deus", Burity afirma que os evangélicos têm uma estrutura profissional de "treinamento, monitoramento e, em certa medida, financiamento dessas candidaturas". A articulação, para ele, desafia os políticos tradicionais. 

Folha - O que significa a eleição de Marcelo Crivella (PRB) no Rio?
Joanildo Burity - Temos prefeitos evangélicos em outras cidades menores do Brasil. Este seria o primeiro numa grande cidade do Brasil. Após anos de foco na construção de uma representação parlamentar, certos grupos evangélicos se sentem em condições de se projetar e disputar eleitoralmente.

O que diferencia Crivella desses é que ele não é um candidato solto, com uma base apenas partidária. Ele tem uma retaguarda em termos de bases eleitorais e de estrutura de campanha que envolve gente sua e outras igrejas.

Esse campo evangélico que hoje disputa espaço de poder no Brasil está muito bem representado. Se olharmos a bancada evangélica, é majoritariamente pentecostais, como Assembleia de Deus, Igreja Universal, Sara Nossa Terra.

A diferença é que esses grupos estão profissionalizados. Eles têm estruturas de treinamento, monitoramento e, em certa medida, financiamento dessas candidaturas. Eles constroem vínculos com o seu eleitorado muito mais tensos do que a grande maioria dos candidatos não religiosos.

A que o sr. se refere com profissionalizado?
Na Igreja Universal e na Assembleia de Deus existem conselhos políticos desde o fim dos anos 80 que pensam esses processos de definição de candidaturas, identificação de quais partidos elas devem se registrar e disputar eleições, processo de acompanhamento dos mandatos, avaliação se vale a pena apostar nessas pessoas de novo ou não, e uma estrutura crescente de assessoria com profissionais com capacitação com pós-graduação em Direito, Ciência Sociais, em áreas especializadas na atuação parlamentar.

De 2011 para cá é possível identificar esse setor pentecostal conservador do ponto de vista das concepções de moral claramente associado a projetos neoliberais. Desde a candidatura presidencial de pastor Everaldo (PSC) está absolutamente claro. Isso é perceptível nessas eleições municipais. No golpe [impeachment da presidente Dilma Rousseff], vimos várias lideranças evangélicas assumindo explicitamente essa associação entre conservadorismo moral e neoliberalismo econômico.

Os evangélicos mudam a cara do neoliberalismo no Brasil?
É uma tendência que podemos identificar desde a candidatura do pastor Everaldo. No impeachment isso ficou bem configurado e agora, nas eleições municipais, também mostra isso. Que cara isso vai dar ao neoliberalismo brasileiro e para o campo pentecostal, ainda é muito cedo. Depende muito como o governo [Michel Temer] vai de fato materializar o seu projeto. Várias pesquisas de opinião mostram uma rejeição grande da população às novas medidas do governo. Essa rejeição certamente pega uma fatia do povo evangélico. Por quanto tempo isso dura? Qual o impacto disso? Quanto esse campo do eleitorado evangélico vai aderir a esse neoliberalismo, eu não sei ainda.

O governo Lula e parte de Dilma tiveram forte apoio desse grupo. O que mudou?
Eles vêm crescendo desde 1980. Cresceram com [Fernando] Collor, Itamar [Franco], Fernando Henrique Cardoso... O grau de adesão variou nesse período. Esse processo faz parte de uma dimensão da presença pentecostal da política que é uma espécie de governismo estrutural.

O que mudaria com um líder evangélico como governo?
Deve haver uma rearrumação no contexto político do Rio, na qual a Igreja Universal ascende. Isso tem repercussão para setores da mídia, como a Globo, e para a religião, como a Igreja Católica. Nas relações de esquerda, demarca um pouco mais o campo petista e pós-petistas da Universal. Crivella para mim representa o golpe no Rio.

Há o risco de mistura de política com religião?
A mistura de política e religião já está aí. É completamente falsa essa agenda segundo a qual ter um candidato explicitamente vinculado com o campo da religião [faria] a gente correria o risco dessa mistura. Como não temos nenhuma experiência no Executivo de uma figura como Marcelo Crivella, não podemos dizer o que vai significar.

O que dá para dizer é que na sua prática parlamentar, essa isenção não é inteiramente regular. Houve vários momentos em que ataques a outros grupos religiosos foram feitos.

Mas uma eleição executiva põe em campo uma outra dinâmica de relações entre as forças políticas que apoiam ou fazem oposição. A experiência de um parlamentar não pode ser tomada como base para projetar o seu comportamento no Executivo. Um parlamentar pode fazer um monte de coisa sozinho sem consultar ninguém. Mas um prefeito ou governador não pode fazer isso.

A Igreja Universal, sobre a qual tenho críticas profundas, tem tido a capacidade pragmática de lidar com as questões de pluralidade religiosa ao longo de muitos anos. Com todos os ataques já sofridos por ela, e a própria participação de candidatos da Universal em todos os níveis, há indicações de que tudo pode acontecer: favorecimento [à igreja] ou capacidade de se relacionar com as diferenças. É preciso ver como a dinâmica de situação e oposição dentro do Executivo e Legislativo vai se construir.

O desempenho nesse tema depende das outras forças políticas?
Ele não terá o controle exclusivo desse processo. Isso não está pré-definido somente porque é o Crivella.

O sr. acha que o bispo Edir Macedo vai influenciar na gestão?
Acho que vai. Assim como Fernando Henrique influencia e outras figuras de fora do poder influenciam. Ter um líder político que influencia pelos bastidores, que diferença existe se ele tem religião ou não? Depende do tipo de influência que ele está exercendo. A gente tem que ver isso pelos efeitos da política, e não pela origem da pessoa. Senão o que a gente está fazendo é assumir a discriminação com o sinal contrário. Se ele for ateu, não critico. Mas se for religioso, vou cair de pau. A gente vai precisar, nos próximos anos, avaliar com o que de fato acontece. De motivações e interesses escusos, o país está cheio dele por toda parte, partidos.

A Universal sempre teve algumas divergências com outras igrejas, mesmo pentecostais. Nesta eleição, Crivella concentrou o apoio de evangélicos. Como se deu essa aproximação?
É um elemento conjuntural. Nas lideranças, as desavenças continuam. [O pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo] Silas Malafaia explicitamente pediu para as pessoas não votarem em Crivella em 2014 [na disputa pelo governo do Estado]. Esses alinhamentos no eleitorado e na liderança têm uma oscilação que temos que analisar em cada eleição. Isso não significa um alinhamento entre as igrejas evangélicas.

O adversário [Marcelo Freixo, do PSOL] pode ter determinado isso?
Exato. Muito demarcado num momento em que o eleitorado evangélico se afastou mais ainda do campo da esquerda do que antes. Não creio que a Universal tenha se tornado mais palatável. É possível apenas que as candidaturas postas apontem para isso [união do eleitorado evangélico].

A vitória no Rio é um passo para um projeto de poder maior?
Para Crivella especificamente pode ser. Para a Igreja Universal também. Para mim é muito óbvio que a Universal quer construir a visibilidade dele até onde puder chegar. Mas a questão depois disso é: como este nome vai se construir para uma possível candidatura presidencial com chances eleitorais? Assim como qualquer outro candidato, não vai bastar os evangélicos. Será necessário composição partidária, uma campanha na qual ele se defrontará com outras candidaturas. Há um imponderável também.
Que a Igreja Universal tem esse projeto, é fora de questão. Agora, qual é a chance e se ele pode vir a se materializar é o que a política vai nos dizer nos próximos anos.

Num vídeo recente, Crivella disse que a missão do evangélico e "levar o Evangelho para todas as nações". É uma ameaça?
Muitas pessoas, inclusive, na mídia, estão desacostumadas com essa linguagem religiosa para falar de política. Isso não significa muita coisa. Os pentecostais em toda parte do mundo são fortemente proselitistas. Mas não há um registro em que pentecostais estiveram no poder e usaram isso para converter alguém na marra.

Para os pentecostais, ter alguém no poder nesse nível significa ter alguém capaz de representar valores que a igreja considera necessária. Mas até aí é o nível de cada um dizer o que quer. Ateu ou religioso vai defender aquilo que acredita, ou que deve ser feito. Do uso da linguagem religiosa se traduzir em imposição política é um exagero muito despropositado. Precisaria vir associado com medidas muito concretas.

Comparemos: que governo, em qualquer nível, não implementa a sua ideologia ao longo de quatro anos? A ideologia se combina de elementos seculares e religiosos. Isso vai significar que tem gente que vai apoiar essa mistura, e tem gente que vai se incomodar pelo simples fato de que ela existe.

Temos grandes democracias no mundo que isso acontece da maneira mais explícita do mundo. Qual dos presidentes norte-americanos nos últimos anos não fala o nome de Deus e não diz: "God bless America" toda vez que faz um pronunciamento público?

O problema é que no Brasil temos uma associação mais ou menos naturalizada de Igreja Católica com a cultura do país. Muito dessa rejeição tem associação com essa visão naturalizada. Há também uma elite política fortemente secularizada que não tem o costume de lidar com essas questões da religião. Nos últimos anos em que ela vem tendo que lidar com atores politicamente mobilizados e competentes para transformar opinião em voto, essa elite fica em polvorosa.

Por isso lançam mão de argumentos de separação igreja-Estado, intolerância religiosa, etc., que não deveriam ser associados automaticamente. Há casos de intolerância religiosa acontecendo no país, mas não se pode associar isso aos políticos eleitos.

Na política, ninguém está sozinho. Não se faz tudo o que se quer, porque está aliado com outros e recebe a oposição de outros. Isso significa que todo o programa terá de ser negociado e sofrerá oposição e bloqueio.

Durante a eleição foram divulgados livros escritos por Crivella que revelavam essa intolerância.
Não estou negando isso. Mas o fato dele ter tido essas atitudes, pregado, escrito e publicado coisas que apontam para uma intolerância, simplesmente chama a atenção para quem estiver com ou contra ele na sua atuação como prefeito.

Não é preocupante que essas posições políticas tenham origem religiosa, que em alguns casos pressupõe submissão às lideranças?
No espaço urbano nesse país não existe mais eleitorado de cabresto. Não coloco na variável religião nenhum peso superior ao que a variável do exercício de um mandato no Executivo já confere a um político. O percentual de evangélicos no Rio é de 23%. Tem 77% da população que não vai seguir a determinação de Crivella só pelo que ele falou. Temos que colocar uma certa proporcionalidade. E também, insisto, que o cenário político em que há muitas forças em disputa.

Por que o Rio foi escolhido como local para emplacar seu principal líder?
Ele é do Rio. A Universal é do Rio. O Rio é o segundo maior eleitorado do país. O impacto simbólico é muito maior do que em Salvador. A Universal atua hoje na política de forma profissional. Eles analisam ponto por ponto esses processos. O Rio tem uma história de eleger "outsiders". Acho que a Universal pode ter apostado nesse tipo de circunstâncias. É um eleitorado que volta e meia surpreende. A igreja aposta nisso.

Como sr. acha que ele conseguiu reduzir a rejeição dele ao longo do tempo?
Há uma tendência natural para quanto mais o candidato se expõe nesses pleitos, mais vai se tornando conhecido. Ele vai ajustando seu discurso ao longo das derrotas para reduzir a resistência do eleitorado. O primeiro Crivella, para o Senado, e este Crivella que aparece agora não são exatamente pessoa, não é o mesmo discurso. O eleitorado também muda. Não só porque amadurece, mas também porque a conjuntura de cada eleição pauta certas questões. 

Fonte: UOL e Folha de São Paulo e Folha Gospel


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